terça-feira, 6 de março de 2012

HOBBY, ARTE, PAIXÃO E CERVEJA ptII

A história de Cavalcanti é emblemática: químico, seu interesse pela cerveja vem da faculdade - foi o tema de sua monografia de conclusão de curso. Cervejeiro que sempre buscava apreciar as novidades em suas viagens ao exterior, fez cursos de homebrew em Berlim e Chicago e logo fundou a Bodebrown, premiada recentemente pela fabricação da Wee Heavy, uma cerveja bem maltada no estilo Scotch, muito diferente da tradição brasileira.
Outro cervejeiro de destaque no mercado nacional, Leonardo Botto (RJ), define a fabricação caseira como "um artesanato com a alma que reflete a personalidade de quem fabrica a cervejinha". Ele conta que uma pergunta recorrente é o porquê de se fazer cerveja em casa, se não é mais simples e prático comprar, ou se o trabalho compensa. "Mesmo que inicialmente possa ser um caminho para fugir da limitação do mercado, que oferece poucos estilos de cervejas e a um preço caro, fazer sua cerveja é mais que uma simples economia ou resgate de estilos. É um hobby que com o tempo fica mais gostoso que a própria bebida", explica.
Esse encantamento com a ténica cervejeira caracteriza o perfil do homebrewer. Cavalcanti, que em suas instalações criou espaço para a primeira escola de cervejeiros do Brasil: "é um mundo que se abre quando você começa a entender de estilos, copos, sabores."
Eduardo Alenda, da Alenda Beer (RS), compara a arte da cerveja ao cultivo de uma horta no quintal: "em abos os casos você está cultivando organismos vivos, que só vão crescer de maneira adequada se tiver paciência, dedicação e persistência, pois precisam de cuidados diários". Ele é outro apaixonado pelo hobby que se transformou em negócio. "Pra fazer cerveja não basta gostar de degustar o produto final, é preciso ter amor ao processo de fabricação, processo extremamente delicado e complexo; se manter sempre atualizado, estudar muito, participar de eventos sobre o assunto, pesquisar", enumera.

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