domingo, 5 de janeiro de 2014

MINHA MILÉSIMA CERVEJA: SOUTHERN TIER OAK AGED BACK BURNER

Logo ao entrar no excelente bar República da Cerveja, em Curitiba-PR, em 19 de dezembro de 2013, me deparei com um dilema. Faltavam sete cervejas para eu alcançar meu mítico milésimo rótulo e eu tinha diante de mim centenas de cervejas diferentes, cerca de metade das quais eu ainda não havia provado. Dentre as prováveis candidatas, constavam rótulos de grande renome, como a primeira colocada no ranking do site ratebeer, a Quadrupel belga Westvleteren XII e um de meus objetos de desejo desde que virei entusiasta de cervejas especiais, o Barley Wine americano Samuel Adams Utopias (que acabei degustando mais tarde naquela noite, em outra posição).
Enfim, após muitas ponderações, acabei decidindo que a milésima seria uma representante de meu estilo favorito de cerveja, os Barley Wine. Descartada a Utopias (devido ao preço, R$ 100 por uma dose de 75ml; mesmo motivo que me fez desistir da Westvleteren XII, cuja garrafa de 330ml custava cerca de R$ 180), acabei optando por uma recomendação feita por um amigo que provou tantos ou até mais rótulos que eu, um Barley Wine americano envelhecido em barris de carvalho, o que, no papel, parecia uma excelente ideia. Abaixo, explico porque não considerei essa exatamente minha escolha para tão significativa cerveja...


Descrição comercial

Muito tempo atrás, cervejeiros coloniais britânicos produziam Ales especiais usando os primeiros resultados da mistura de malte e outros ingredientes usados para fazer a cerveja. Essas cervejas, hoje em dia chamadas de Barley Wine, são feitas na tradição daqueles tempos. Na Southern Tier essa cerveja tão ansiada é reservada até o começo de um novo ano. O Back Burner Barley Wine é uma celebração de coisas que estão por vir e coisas a serem relembradas. É concebida em três pequenos lotes, usando volumosas quantias de cevada e lúpulo. O processo começa bem cedo pela manhã e termina tarde da noite. Esperamos que essa rara cerveja reanime seu espírito para uma outra viagem ao redor do sol.

Diagnóstico

Esse Barley Wine norte-americano tem espuma volumosa, esbranquiçada e aerada, de reduzida longevidade. Boa formação de colarinho. Corpo opaco, denso e âmbar-escuro. Aroma: malte moderado, chá mate, lúpulo moderado e caramelo. No aroma, já reparei que havia algo "errado", principalmente tomando como base o maravilhoso Barley Wine que eu havia degustado alguns dias antes, o dinamarquês Evil Twin Torst Front Room. Ao tomar o primeiro gole, minhas suspeitas se concretizaram. Senti leve dulçor (o estilo se caracteriza por ser bem adocicado e alcoólico) e, pasmem, moderadamente amargo, característica essa lupulada, típica da escola norte-americana. O sabor final foi ainda mais "decepcionante", com moderados amargor e dulçor e toques salgados, com final de longa duração. Entendo que alguns estilos possam ser renovados e ter algumas experiências, mas em minha opinião esta foi extremamente mal-sucedida, maculando um estilo que em nada se beneficia de amargor lupulado, muito pelo contrário. O paladar, sim, seguiu os ditames do estilo, com corpo médio-cheio, forte carbonatação, textura oleosa e final metálico e pesadamente alcoólico. Mais uma experiência ruim minha com a cervejaria Southern Tier, cujas IPA e Wheat Ale já foram resenhadas nesse beerlog. A garrafa de 500ml foi adquirida por R$ 60 no bar supracitado. Copo recomendado: Snifter. Como conclusão, espero que eu tenha melhor sorte no número 2,000.

Nota: 80 skol ou 3.0/5.0

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